Blog

  • Direito de propriedade na tokenização de ativos físicos

    Direito de propriedade na tokenização de ativos físicos

    O que é tokenização de ativos físicos?

    A tokenização de ativos físicos é uma inovação no mercado financeiro que permite representar digitalmente bens como imóveis, veículos ou obras de arte por meio da tecnologia blockchain. Essa representação ocorre através de tokens, que são códigos digitais vinculados ao ativo e que circulam em redes descentralizadas, garantindo segurança, rastreabilidade e redução de custos.

    Apesar das vantagens, um ponto central gera debate: a representação legal da propriedade do bem físico tokenizado. Afinal, o token garante de fato a posse ou apenas simboliza a existência desse ativo?

    O token representa uma reivindicação legal sobre o ativo?

    A doutrina jurídica reconhece os tokens como bens incorpóreos, sujeitos à posse e à propriedade. No entanto, o token em si não assegura direitos reais sobre o bem físico.

    Um token pode funcionar como um documento digital que descreve um ativo, mas, assim como uma simples folha de papel, essa descrição não garante automaticamente a propriedade do bem.

    Em alguns países existem instrumentos jurídicos equivalentes, como conhecimentos de embarque e warrants, que têm previsão legal para representar bens. No Brasil, essa previsão ainda não existe para tokens. Portanto, quem compra um token adquire apenas o token, não o bem físico.

    Transferência do token e propriedade do ativo

    Outro ponto de destaque é que a transferência do token não significa transferência da propriedade do ativo físico.

    Por exemplo: se uma bicicleta for tokenizada e vendida por meio de blockchain, mas o vendedor entregar o bem físico a outra pessoa de boa-fé, este último será considerado o legítimo proprietário. O comprador do token, nesse caso, será dono apenas do código digital e terá direito apenas a indenização.

    Isso ocorre porque, segundo o Código Civil, a propriedade de bens móveis só se transfere com a tradição (entrega do bem) e a de imóveis com o registro em cartório. Assim, a lei continua prevalecendo sobre qualquer regra estabelecida no token.

    Caminhos possíveis para segurança jurídica

    Para que a tokenização alcance segurança jurídica plena, seria necessário criar normas específicas que vinculem tokens a ativos reais. Algumas possibilidades:

    • Bloqueio do ativo físico para garantir que ele corresponda ao token emitido.
    • Validadores físicos, como em Liechtenstein, que atestam a existência e a vinculação entre bem e token.
    • Custodiantes, responsáveis por manter o ativo em nome das partes.
    • Integração de cartórios e registros públicos às redes de blockchain, especialmente no caso de imóveis.

    Esses mecanismos poderiam aproximar a tokenização do mesmo efeito legal de instrumentos já consolidados, como letras de câmbio.

    Hoje, a tokenização de ativos físicos ainda enfrenta limitações jurídicas relevantes. O token não garante a propriedade legal do bem, funcionando apenas como uma representação digital sem eficácia plena.

    Apesar de ser uma inovação promissora, os riscos e incertezas superam os benefícios enquanto não houver uma regulamentação específica que assegure a equivalência entre token e propriedade.

    Continue acompanhando o blog da ContabilizaiBank e aproveite conteúdos relevantes e atualizados.

    Continue lendo >>: Direito de propriedade na tokenização de ativos físicos
  • Vert capta R$ 700 milhões em blockchain e avança no crédito estruturado

    Vert capta R$ 700 milhões em blockchain e avança no crédito estruturado

    Vert capta R$ 700 milhões em blockchain

    Conforme entrevista concedida pela CEO da Vert Capital, Fernanda Mello, à revista Capital Aberto, a empresa atingiu um marco relevante em sua trajetória. Vert capta R$ 700 milhões em sua primeira emissão utilizando blockchain, construída sobre o XRP Ledger (XRPL).

    A novidade reforça a posição da Vert como uma das principais casas do mercado de securitização, agora também explorando novas frentes digitais para ampliar a eficiência, segurança e transparência das operações.

    Quem é a Vert Capital?

    Fundada em 2016, a Vert Capital iniciou sua atuação focada em securitização no agronegócio e posteriormente expandiu para o setor imobiliário e financeiro. Hoje, soma mais de R$ 95 bilhões em operações já estruturadas.

    De acordo com Fernanda Mello, a Vert capta R$ 700 milhões em plataforma baseada em blockchain sem abandonar sua origem em securitização, mas ampliando o escopo de atuação com uma gestora de FIDCs e uma DTVM (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários).

    Esse movimento permitiu que a companhia alcançasse maior diversificação e gestão mais robusta, atendendo a diferentes perfis de investidores institucionais e ampliando sua participação no mercado de crédito estruturado.

    Blockchain no mercado de crédito

    A decisão estratégica de lançar uma plataforma no XRP Ledger representa um avanço para o setor. Segundo a executiva, a ideia é trazer maior transparência, rastreabilidade e eficiência para operações de crédito privado, incluindo CRA, CRI, debêntures e FIDCs.

    Ao mesmo tempo em que mantém os ativos tradicionais, a Vert abre espaço para atrair investidores estrangeiros e até mesmo de varejo. Assim, Vert capta R$ 700 milhões em plataforma baseada em blockchain e sinaliza uma nova fase para o mercado de securitização no Brasil.

    Crescimento da Vert Capital

    Nos últimos anos, a Vert vem apresentando resultados expressivos. O volume sob gestão de fundos, por exemplo, saltou de R$ 49,5 milhões em 2024 para R$ 6,3 bilhões em 2025.

    Já no braço de administração de fundos, o crescimento foi ainda mais acelerado, consolidando esse segmento como possível carro-chefe da casa para os próximos anos.

    Com a novidade de que a Vert capta R$ 700 milhões em plataforma baseada em blockchain, a empresa reforça sua estratégia de inovação, mantendo foco em ativos estruturados e soluções tecnológicas.

    Impactos para o mercado de securitização

    O uso de blockchain para gerir operações de crédito pode representar um divisor de águas. Entre os benefícios esperados estão:

    • Redução de custos de registro e auditoria.
    • Maior segurança contra fraudes.
    • Transparência para investidores nacionais e internacionais.
    • Expansão do acesso a diferentes perfis de público.

    Esse passo reforça a relevância da securitização como mecanismo de financiamento para o agronegócio, o imobiliário e o setor financeiro.

    A Vert capta R$ 700 milhões em plataforma baseada em blockchain e mostra que inovação tecnológica e mercado de capitais podem caminhar juntos. A adoção desse modelo pode impulsionar ainda mais a securitização no Brasil, ampliando oportunidades para investidores e trazendo mais eficiência para as operações.

    Continue acompanhando o blog da ContabilizaiBank e aproveite conteúdos relevantes e atualizados sobre o mercado financeiro e de securitização.

    Continue lendo >>: Vert capta R$ 700 milhões em blockchain e avança no crédito estruturado
  • Seguro de Certificados de Recebíveis do Agronegócio: riscos e investigações em andamento

    Seguro de Certificados de Recebíveis do Agronegócio: riscos e investigações em andamento

    O que é o seguro de certificados de recebíveis do agronegócio

    O seguro de certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) foi criado como uma camada adicional de proteção para investidores e empresas. A ideia era simples: em caso de inadimplência dos emissores, a seguradora entraria em ação, oferecendo maior segurança aos detentores desses títulos.

    Esse formato chamou atenção por ser uma inovação dentro do mercado de CRAs, que já são conhecidos como instrumentos importantes para captação de recursos no agronegócio, principalmente com investidores pessoas físicas.

    A crise no agronegócio e seus reflexos no seguro

    Nos últimos anos, a crise financeira que atingiu diversas empresas do agronegócio provocou um aumento na inadimplência. Com isso, surgiram dificuldades na liquidação dos certificados de recebíveis do agronegócio.

    O que deveria funcionar como proteção começou a gerar incertezas. Algumas seguradoras passaram a negar indenizações, alegando diferentes interpretações contratuais. Essa situação levou casos para a Justiça e até para inquéritos policiais, levantando dúvidas sobre a real eficácia dessa modalidade de seguro.

    O papel da Susep e as investigações

    A Superintendência de Seguros Privados (Susep) acompanha de perto o desenrolar desses conflitos. Em paralelo, já existem investigações policiais envolvendo contratos de seguro de certificados de recebíveis do agronegócio que não foram honrados.

    Essas apurações são fundamentais para esclarecer se houve falhas contratuais, más práticas de mercado ou até indícios de fraude.

    Riscos e cuidados para investidores

    Para quem investe em certificados de recebíveis do agronegócio, é essencial entender os riscos envolvidos. Embora o seguro possa parecer uma proteção, o histórico recente mostra que ele não garante automaticamente o pagamento em caso de inadimplência.

    Antes de investir, vale analisar:

    • A solidez da empresa emissora,
    • O histórico da seguradora,
    • As cláusulas do contrato de seguro,
    • E as garantias adicionais previstas na operação.

    Assim, o investidor reduz as chances de surpresas negativas.

    O seguro de certificados de recebíveis do agronegócio surgiu como uma inovação promissora, mas a crise recente mostrou que a prática ainda precisa de ajustes e maior clareza regulatória. Enquanto isso, investidores devem avaliar com cautela cada operação e acompanhar as investigações em andamento.

    Continue acompanhando o blog da ContabilizaiBank e aproveite conteúdos relevantes e atualizados.

    Continue lendo >>: Seguro de Certificados de Recebíveis do Agronegócio: riscos e investigações em andamento
  • Tokenização de recebíveis Liqi de R$ 60 milhões com gestora Milenio

    Tokenização de recebíveis Liqi de R$ 60 milhões com gestora Milenio

    A tokenização de recebíveis vem se consolidando como uma das principais inovações no mercado financeiro brasileiro. Recentemente, a Liqi anunciou uma operação de R$ 60 milhões em parceria com a gestora Milenio, estruturada sobre a tecnologia blockchain e voltada a investidores profissionais.

    O que foi a operação da Liqi com a Milenio

    A Liqi, especializada em tokenização de recebíveis, lançou um TDIC – Token de Investimento em Direitos Creditórios – lastreado em Cédulas de Crédito Bancário (CCBs). Essas CCBs foram originadas pela fintech UME, utilizando recebíveis da venda de bens de consumo.

    A operação foi estruturada pela gestora Milenio e registrada na blockchain XDC Network, garantindo transparência, rastreabilidade e segurança em todas as etapas.

    Como funciona a tokenização de recebíveis na prática

    Na estrutura montada pela Liqi e Milenio, a tokenização de recebíveis serviu para automatizar e organizar os processos por meio de contratos inteligentes (smart contracts). Esses contratos aplicam regras de elegibilidade, condições de cessão e outros critérios definidos previamente.

    Com isso, todos os ativos e indicadores de gestão da securitização, como índice de subordinação e covenants, ficam registrados e monitorados em rede blockchain.

    Benefícios da tokenização de recebíveis

    • Transparência total no controle dos ativos
    • Redução de custos operacionais
    • Processos mais rápidos e seguros
    • Confiança para investidores profissionais

    Público-alvo da operação

    Essa emissão de tokenização de recebíveis foi direcionada a investidores profissionais, ou seja, pessoas ou instituições que possuem ao menos R$ 10 milhões em aplicações financeiras. A distribuição ocorreu dentro da própria plataforma da Liqi, mas em ambiente fechado e exclusivo aos participantes.

    A importância dessa operação para o mercado

    Com mais de 60 mil ativos registrados em blockchain, a operação da Liqi com a Milenio mostra a força e o potencial da tokenização de recebíveis no mercado financeiro. Além de ampliar as opções de investimento, ela reforça a tendência de digitalização e modernização da securitização no Brasil.

    A parceria entre Liqi e Milenio representa mais um passo rumo à consolidação da tokenização de recebíveis como uma alternativa sólida e eficiente no mercado de capitais. Essa tecnologia não apenas garante maior transparência e agilidade, mas também atrai investidores qualificados em busca de segurança e inovação.

    Continue acompanhando o blog da ContabilizaiBank e aproveite conteúdos relevantes e atualizados.

    Continue lendo >>: Tokenização de recebíveis Liqi de R$ 60 milhões com gestora Milenio
  • Restrição de crédito para compra de veículos: o cenário atual

    Restrição de crédito para compra de veículos: o cenário atual

    A restrição de crédito para compra de veículos vem impactando o mercado automotivo no Brasil. Segundo dados da B3, o financiamento de carros novos e usados registrou queda de 0,7% no primeiro semestre de 2025.

    Esse cenário traz efeitos diretos para bancos, seguradoras e também para consumidores. Contudo, ao mesmo tempo em que os financiamentos perdem força, outra modalidade ganha espaço: o consórcio.

    Por que o consórcio cresce com a restrição de crédito?

    De acordo com declarações recentes de executivos da Porto, a restrição de crédito para compra de veículos está abrindo espaço para que mais pessoas recorram ao consórcio como alternativa.

    Isso acontece porque o consórcio não exige entrada imediata, não cobra juros como o financiamento tradicional e ainda oferece flexibilidade no planejamento. Assim, em um ambiente de maior seletividade bancária, muitos consumidores encontram nele uma solução mais acessível.

    Impactos para o setor de seguros

    Apesar da queda no financiamento, o efeito para o seguro auto é considerado limitado. A frota segurada da Porto, por exemplo, continua crescendo e chegou a 6,2 milhões de veículos no segundo trimestre de 2025.

    A empresa destacou que, mesmo com o ticket médio mais baixo, conseguiu manter a rentabilidade e ampliar a inclusão securitária, com produtos voltados a diferentes perfis de clientes.

    Receita financeira e perspectivas

    Outro ponto de destaque foi a manutenção da projeção de receita financeira para 2025, entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,4 bilhão, mesmo com a expectativa de queda da inflação no segundo semestre.

    Além disso, a companhia prevê crescimento em áreas como o Porto Bank e redução na sinistralidade do Porto Saúde, reforçando a diversificação de resultados dentro do grupo.

    O que esperar do mercado?

    A restrição de crédito para compra de veículos mostra como o setor automotivo está passando por transformações importantes. Se, por um lado, dificulta o acesso ao financiamento, por outro, acelera o crescimento do consórcio e exige inovação constante das seguradoras.

    Esse movimento reforça a importância de alternativas mais acessíveis e seguras, ampliando as opções para consumidores e investidores.

    Continue acompanhando o blog da Corbanzai e aproveite conteúdos relevantes e atualizados.

    Continue lendo >>: Restrição de crédito para compra de veículos: o cenário atual
  • CVM pede mais servidores para fiscalizar mercado de capitais

    CVM pede mais servidores para fiscalizar mercado de capitais

    O desafio da CVM no mercado de capitais

    A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou ao governo federal a necessidade de dobrar o número de servidores para acompanhar o crescimento do mercado de capitais no Brasil.

    De acordo com um estudo técnico da autarquia, seriam necessárias mais 544 vagas de inspetores federais, número superior ao total atual de funcionários, que soma 452 servidores.

    Esse cenário mostra a defasagem do quadro atual, já que a CVM é responsável pela fiscalização de aproximadamente R$ 16,7 trilhões em ativos negociados no mercado financeiro.

    Estrutura atual e limitações da CVM

    Hoje, a CVM conta com:

    • 452 servidores efetivos
    • 59 em movimentação
    • 21 comissionados

    Mesmo com o concurso realizado em 2024, que nomeou 60 novos aprovados, a autarquia ainda enfrenta alta rotatividade e sobrecarga de funções.

    Na prática, a CVM acumula atribuições que, em países como os Estados Unidos, são divididas entre três órgãos distintos: a SEC, a CFTC e o PCAOB.

    Proposta de reforço institucional

    O pedido de ampliação do quadro foi enviado ao Ministério da Gestão como parte de um anteprojeto de lei que prevê a reestruturação da CVM.

    Além disso, o Ministério da Fazenda estuda o modelo chamado “twin peaks”, que prevê transformar a CVM e o Banco Central em superórgãos reguladores. A proposta, porém, ainda gera discussões e resistência no setor.

    Crise de liderança e vacância de cargos

    A situação da autarquia ficou ainda mais delicada após a renúncia do presidente João Pedro Nascimento, ocorrida dois anos antes do fim do mandato.

    Atualmente, duas das cinco cadeiras da diretoria estão vagas, sendo uma delas há mais de oito meses. Até o fim do ano, outra vaga será aberta, obrigando o governo a indicar três novos diretores.

    O Ministério da Fazenda já afirmou que a escolha será pautada por critérios técnicos e éticos, além de priorizar a recomposição da diretoria.

    Orçamento e desafios operacionais

    Em 2024, o orçamento da CVM foi de R$ 296 milhões, dos quais apenas R$ 36 milhões foram destinados a investimentos e custeio administrativo, incluindo tecnologia, fiscalização, capacitação e manutenção.

    Esse valor é considerado baixo diante da relevância da autarquia e do volume de operações sob sua supervisão.

    Importância do fortalecimento da CVM

    O fortalecimento da CVM é fundamental para garantir a transparência, a segurança e a credibilidade do mercado de capitais brasileiro.

    Com a crescente complexidade das operações, a entrada de novos investidores e o aumento de fundos de investimentos, torna-se cada vez mais urgente ampliar a estrutura da autarquia.

    Continue lendo >>: CVM pede mais servidores para fiscalizar mercado de capitais